Surdo oralizado é um termo que gera muitas dúvidas, principalmente ente as pessoas que não fazem parte da comunidade surda.
Para ver o que exatamente significa esse termo e como é cada vez mais comum ver surdos oralizados, confira nosso artigo.
Afinal, o que é um surdo oralizado?
O termo surdo oralizado faz referência a uma pessoa surda que utiliza uma ou mais línguas orais para estabelecer uma comunicação com outras pessoas.
A comunicação acontece nas modalidades de escrita, leitura, leitura labial (orofacial) e também oral.
Dessa forma, o surdo oralizado sabe escrever, ler e falar de maneira quase que totalmente fluente.
A definição de surdo oralizado também refere-se às pessoas surdas que sabem escrever e ler, mas que não possuem fluência quanto à fala.
Entre as pessoas surdas que são oralizadas, o fator comum é a constante utilização da língua oral como recurso de comunicação das mais variadas maneiras.
Devido a essa facilidade com o uso da língua oral, é comum que, ao conversar com um surdo, não seja observado que essa pessoa apresenta algum tipo de deficiência auditiva.
Na maioria das vezes, os surdos que são oralizados estabelecem uma comunicação oral de grande qualidade graças à utilização de aparelhos auditivos ou do implante coclear.
Popularmente, os surdos oralizados são conhecidos como os “surdos que ouvem”.
Vencendo muitos preconceitos
É preciso vencer diversos preconceitos para entender o que é um surdo oralizado.
Esses preconceitos são oriundos de muitos séculos nos quais as pessoas surdas não tinham qualquer consideração por parte da sociedade, sendo vistas como pessoas totalmente incapazes.
Um desses preconceitos consiste na ideia errônea de que todo surdo é mudo.
O que ocorria é que o fato de não ouvir impedia que os surdos conseguissem se comunicar por meio da fala.
Além disso, durante muitos e muitos séculos, os surdos não tinham qualquer tipo de acesso a uma educação que os possibilitasse de desenvolver uma comunicação oralizada.
Quando algumas tecnologias começaram a ser utilizadas, sobretudo o aparelho auditivo e implante coclear, os surdos passaram a ter a possibilidade de ouvir.
Consequentemente, o desenvolvimento da fala tonou-se mais fácil e assim foi possível estabelecer um padrão de comunicação oralizado.
Com relação aos preconceitos, outro dos mais frequentes é que toda pessoa que possui deficiência auditiva necessita se comunicar somente por meio da Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Ainda que essa língua de sinais brasileira seja de imensa importância, há uma grande quantidade de pessoas surdas que optam por usar outras formas de comunicação.
Por exemplo, uma pessoa surda que realizou o implante coclear, pode não ter a intenção de utilizar no dia a dia a Libras como recurso de comunicação.
Até mesmo na comunidade surda há diversos grupos que possuem necessidades e condições diferenciadas.
Dessa forma, é preciso que todas as pessoas surdas sejam respeitadas e atendidas em suas necessidades específicas.
Um pouco mais sobre os surdos que ouvem
Com relação ao dia a dia de um surdo oralizado, uma das pessoas mais conhecidas no Brasil sobre esse tema é a youtuber Paula Pfeifer (uma surda oralizada).
Paula possui surdez profunda. Além de manter o canal no Youtube, chamado de Crônicas da Surdez, ela atua como escritora.
Seus livros são:
– Crônicas da Surdez;
– Novas Crônicas da Surdez: epifanias do implante coclear.
Durante uma palestra no TED, Paula afirma que um dos recursos mais preciosos da comunicação é a audição.
Atualmente, por meio de novas tecnologias na área da medicina, Paula é considerada uma surda que ouve.
A audição de Paula é possível graças ao implante coclear, um dispositivo elaborado com altíssima tecnologia, disponível no mercado há mais de 30 anos.
Esse dispositivo é recomendado para pessoas que sofrem de surdez profunda ou severa.
Nessa apresentação do TED, Paula diz que geralmente as pessoas se referem aos surdos automaticamente como usuários da Libras – Língua Brasileira de Sinais.
Entretanto, de acordo com ela, é preciso que sejam feitas novas abordagens dos assuntos relacionados aos surdos.
Paula enfatiza que grande parte das pessoas que possuem algum nível de deficiência auditiva podem passar por um processo de reabilitação.
Um dos objetivos de Paula é compartilhar informações para que cada vez mais pessoas surdas adotem tecnologias que possam ajudá-las na superação da deficiência.
Após fazer duas cirurgias para a colocação do implante coclear e passar pelo gradativo processo de adaptação quanto ao uso dessa tecnologia no dia a dia, Paula tem desenvolvido uma ampla rede para o compartilhamento de suas vivências e informações.
Somente a título de informação, aqui no Brasil, de acordo com o último levantamento feito pelo IBGE em 2010, há 10 milhões de pessoas portadoras de deficiência auditiva.
O papel da inclusão social
Para que cada vez mais pessoas com surdez tenham acesso a informações importantes no que se refere à deficiência auditiva, é preciso que sejam realizadas frequentes campanhas que esclareçam sobre o uso de novas tecnologias.
De acordo com a youtuber Paula, os surdos passíveis de reabilitação precisam ter acesso à informação para que possam usufruir dos recursos e serviços necessários, que envolvem o uso de implante coclear ou aparelhos de audição.
O atendimento por profissionais especializados nessa área também é um fator de suma importância para evitar que os problemas auditivos se agravem.
Por meio de profissionais especializados também é possível ter acesso aos tratamentos mais modernos e adotar as medidas necessárias para melhorar a qualidade de vida do paciente que apresentam algum nível de perda auditiva.
De igual maneira, pessoas que possuem outros tipos de deficiência (física, mental, visual etc.), precisam ser plenamente atendidas em suas necessidades específicas, que se apresentam nas mais diversas situações do dia a dia.
Esse conjunto de ações inclusivas proporciona diversos benefícios para que as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência tenham acesso a melhores oportunidades e condições de vida.
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Imagens: surdosqueouvem.com / cronicasdasurdez.com