História da Libras está inserida em um contexto muito maior que as pessoas imaginam. Embora a LIBRAS seja a Língua Brasileira de Sinais… essa história começa na França! Para saber todos os detalhes sobre essa história que faz parte das conquistas da comunidade surda no Brasil, confira esse conteúdo.
A História da Libras Explicada de Forma Simples
A história da Libras começa a ser contada com a trajetória e o importante trabalho desenvolvido pelo nobre e professor francês Ernest Huet. Pertencente a uma família da nobreza francesa, Huet desde cedo teve acesso à melhor educação de sua época.
No entanto, ao ser vitimado por uma doença, Huet ficou surdo aos 12 anos. Mesmo apresentando surdez, ele seguiu os estudos e passou a frequentar, como aluno, o Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris.
Nesse instituto era utilizada a Língua de Sinais Francesa, já criada no país há mais tempo por pessoas que atuavam na área de educação para surdos.
Devido ao excelente desempenho nos estudos, Ernest Huet tornou-se professor e posteriormente diretor desse importante instituto francês.
Uma proposta feita ao Imperador
Na história da Libras, um dos fatos marcantes foi a visita de Ernest Huet ao Brasil no ano de 1855. O objetivo dessa viagem era apresentar ao Imperador Dom Pedro II um relatório com a proposta de abertura para um instituto de surdos no Brasil.
O imperador aceitou essa proposta e posteriormente Huet mudou-se com a esposa para o Brasil com a finalidade de acompanhar todos os detalhes quanto à execução do projeto.
A criação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos
No ano de 1857, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundado o Imperial Instituto de Surdos-Mudos (hoje sabemos que é errado chamar os surdos de surdo-mudo ,saiba o motivo aqui). Inicialmente, esse instituto atendia apenas meninos. No entanto, nos anos seguintes também passou a atender meninas.
A criação desse local, que atualmente recebe o nome de Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES, consistiu em um grande avanço para a comunidade surda brasileira.
A partir das atividades desenvolvidas por esse instituto foi possível dar início a uma sociedade mais inclusiva no que se refere ao atendimento das necessidades específicas dos surdos.
A criação da Libras
Graças ao trabalho de Ernest Huet na França, a Língua de Sinais Francesa exerceu forte influência na criação da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
A partir da criação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, Huet passou a desempenhar atividades cada vez mais relevantes.
Com isso, aos poucos foi sendo desenvolvida a Libras considerando a Língua de Sinais Francesa e a linguagem gestual (informal) que era utilizada no Brasil.
Da mesma forma que ocorreu com a Libras, outras línguas de sinais pelo mundo se tornaram possíveis graças à Língua de Sinais Francesa.
Um Grande Desafio da Libras
Ainda que a história da Libras tenha obtido grandes resultados com o trabalho de Ernest Huet e de todas as pessoas do Instituto, um fato marcou a história dos surdos no mundo e trouxe um imenso desafio para a Língua Brasileira de Sinais e todas as demais línguas de sinais.
No dia 11 de setembro de 1880 foi realizado o Congresso de Milão, na Itália. À época, foi um grande acontecimento realizado com o intuito de analisar as abordagens utilizadas quanto à educação dos surdos no mundo todo.
O uso cotidiano das línguas de sinais foi o assunto de maior relevância. Naquele momento, havia uma grande preocupação com os métodos que eram usados no ensino de surdos em todos os países.
Muitos educadores defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo método oralizado.
Isso significava que as línguas de sinais, usadas já em diversos países, deveriam ser proibidas. E foi exatamente o que ficou decidido no Congresso de Milão.
A grande maioria dos participantes votou pelo fim do uso das línguas de sinais em todo planeta e adoção exclusiva dos métodos oralizados no ensino de pessoas surdas.
Essa decisão provocou grandes prejuízos quanto ao ensino da Língua Brasileira de Sinais e também de outras línguas, como por exemplo, a Língua de Sinais Americana e a Língua de Sinais Francesa, que estavam já entre as mais utilizadas.
Mesmo diante dessa proibição, a Libras continuou sendo utilizada de maneira informal. Esse fator fez toda diferença para que, muito tempo depois, a Libras pudesse ser ensinada e utilizada como forma de ensino das pessoas surdas e também no dia a dia.
Importante Reconhecimento da Libras
A história da Libras ganhou um novo (e importante) capítulo no dia 24 de abril de 2002, quando foi publicada a lei nº 10.436. Por meio dessa lei, a Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão.
A partir da criação dessa lei, houve o desenvolvimento de diversas ações com o objetivo de estimular o aprendizado, ensino e uso da Libras em todo território nacional.
É possível afirmar que essa lei foi um dos passos mais importantes na construção de uma sociedade mais inclusiva, que atualmente já apresenta diversos avanços no campo do atendimento às necessidades específicas das pessoas que apresentam algum tipo de deficiência.
Posteriormente, outras importantes leis foram criadas com o intuito de atender às necessidades da comunidade surda e proporcionar melhores condições de comunicação.
Todos esses fatores contribuem para melhorar a qualidade de vida e gerar melhores oportunidades.
Profissão de tradutor e intérprete de Libras
Em 2010, foi publicada a lei nº 12. 319 com o objetivo de regulamentar a profissão de tradutor e intérprete de Libras. Por meio dela, foram possíveis novos avanços no campo do ensino, aprendizado e uso da Libras.
A profissão de tradutor e intérprete de Libras é essencial para atender à comunidade surda, proporcionando amplas condições de comunicação.
Depois de saber a história da Libras, confira nossos demais conteúdos com temas de alta relevância para surdos e ouvintes que desejam aprender muito mais sobre a Língua Brasileira de Sinais.
Imagens: blog.unifoa.edu.br / aparelhoauditivo.com